quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A culpa é dela

No Facebook, a página "Site dos Menes" cria um novo mene: O animal que ofende o seu semelhante chamando-o de uma espécie inferior.
A torcedora Patrícia Moreira, ofendeu Aranha com insultos racistas, utilizando a palavra macaco como forma de desprezar o arqueiro santista. Patrícia prestou esclarecimento, declarou não ser racista, pediu perdão ao goleiro e foi perdoada. Agora a polícia investiga o caso e Patrícia pode ir para cadeia!
Mas não foi.

A mulher perdeu o emprego, a vida social e na manhã de hoje, a casa em que morava. Mas a imprensa, assim como os populares, não consideram suficiente. Patrícia foi manchete em todos os jornais, telejornais e hostilizada nas redes sociais, da qual excluiu-se.

Mais uma vez a justiça com as próprias mãos prevalece. Me entristece vê jornalistas e aspirantes incentivando e deleitando-se na desgraça de Patrícia Moreira.

A gremista não é diferente de nenhum de nós! Vamos aos estádios e xingamos o árbitro de termos pejorativos relacionados a homossexuais. HOMOFÓBICOS! Queimem suas casas também!

Não quero aqui minimizar a atitude da torcedora, quero chamar atenção para as nossas.

O que ela fez é horrível! E deve ser punida da forma mais dura possível.
Condenamos a mulher que agiu de forma racista mas não nos condenamos, para isso preferimos eleger outras pessoas. É mais uma forma de utilizarmos os outros para sair á francesa dos fatos, se dar bem as custas da desgraça alheia... Ah essa nossa cultura!

Essa cultura faz com que você fure filas de serviços que, pasme, todos vão ter acesso. Essa cultura de ego que tem o desejo de ver a queda do outro como uma forma de auto-promoção.

Cultura essa que, assim como a dos xingamentos nos estádios, deve acabar.

O caso de racismo puniu o Grêmio - que ontem, foi julgado pelas ofensas racistas ao zagueiro Paulão, do Internacional, na final do campeonato Gaúcho - com a exclusão da Copa do Brasil, nada mais justo para o clube.

Mas ao contrário do que pensam os grandes donos da verdade por aí à fora, o racismo não acabou e também não vai acabar com a cabeça de Patrícia em uma bandeja.

Como esquecer o caso do ator Vinícius Romão de Sousa, preso por engano, acusado de assaltar uma mulher no Rio de Janeiro? Tem gente odiando outro pela cor de pele. Tem gente odiando outro pela posição social. Tem gente odiando outro por não ter um carro. Tem gente odiando idosos pelos seus direitos especiais. Mas nós estamos pedindo a cabeça de uma das folhas dessa árvore de complexidade social.

Repito que uma punição judicial à torcedora é mais do que justa mas além de não resolver o problema, não somos nós que vamos expedir.
Qualquer que seja um crime, ele é condenável. Uma ofensa racista, homofóbica, social em um estádio é horrível. Mas condenar os criminosos, até hoje, nunca resolveu o problema

Precisamos incentivar o respeito - afinal é para isso que a comunicação serve - e não elencar personagens culpados.
A vida está longe de ser um conto de fadas com pessoas boas e más! Nossa imprensa está um pouco atrasada nesse aspecto.
Não é só condenar o crime mas também evitar que ele aconteça novamente, cortar o mal pela raiz.

Quem sabe possamos ensinar à sociedade que o outro não é diferente por motivo algum, somos todos Humanos.
Também sou Otimista!

Mas novamente a humanidade nos surpreende com ideias imediatistas, dessas que se equiparam a prender crianças de 14 anos.

Prende.

Prende.

Prende.

E Prende de novo.

Prende outro.

E nunca para de prender.




E assim os problemáticos sempre serão presos, nunca extintos, pelo motivo óbvio de que o problema nunca deixará de existir.
O racismo não para porque paramos o racista.
Ele para quando pregamos o respeito

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