Faltou o gol
Mesmo superiores em campo, seleção brasileira não balança as
redes da Suécia e dá adeus ao sonho olímpico
Na tarde dessa terça feira (16), a seleção feminina de
futebol do Brasil enfrentou a Suécia, no Maracanã, para a segunda partida da fase
de mata-mata nos jogos olímpicos. Mas o que tinha de tudo para ser uma
repetição da sonora goleada na primeira fase, terminou em tragédia e eliminação
da seleção dona da casa.
O Brasil jogou melhor e atacou mais que as adversárias, mas
encontrou pela frente uma Suécia diferente daquela da primeira fase, bem mais
organizada, assumindo a postura defensiva. O time brasileiro não
conseguiu tirar o zero do placar, perdeu o jogo na decisão por pênaltis e pôs
fim ao sonho do ouro inédito no Rio.
As duas linhas defensivas das nórdicas, bem próximas da
área, dificultaram a criação de jogadas no setor ofensivo do Brasil, mas mesmo
assim o time manteve o domínio do jogo, controlando toda a ofensividade da
partida e terminando o tempo regulamentar com 33 finalizações e o 65% de posse
de bola, já as suecas chegaram apenas 6 vezes ao gol defendido pela goleira
Bárbara.
Visivelmente desgastadas pelo jogo duro contra a Austrália
no último sábado, pelas quartas de finais, a seleção ainda sentia a ausência da
maior artilheira dos jogos olímpicos: Cristiane. A camisa 11 do Brasil entrou
em campo no fim da segunda etapa da prorrogação, mas nem ela conseguiria
resolver o problema da falta de gols. Coincidentemente o jejum de gols teve
início após a lesão e, consequentemente, o afastamento da atacante.
Esta foi a terceira partida seguida que o time brasileiro
não conseguiu balançar as redes, o último gol tinha acontecido exatamente na
partida contra a Suécia, ainda na primeira fase. Agora o Brasil aguarda a
seleção perdedora no duelo entre Canadá X Alemanha, que acontece no Mineirão,
para definir a adversária na disputa do bronze. Já a Suécia, garante a medalha
de prata e se prepara para a grande final, que acontece na próxima sexta feira
(17), no Maracanã.
Crônica
Me perdoem a ausência de palavras, essa foi uma tarde
difícil de explicar. A seleção brasileira tinha o melhor time e novamente
dominava a partida, como tinha feito até o momento na competição. Foram 33
finalizações, 10 no gol da goleira Lindahl. Parecia uma vitória inevitável,
daqueles jogos que o time só encontra o caminho depois do primeiro gol. O
problema é que o primeiro gol não veio!
Formiga foi valente. Jogou, lutou, discutiu e, no fim do
jogo, machucou o posterior da coxa. Não tem mais nada para provar, já foi
gigante. Em todos os jogos do Brasil, a veterana foi gigante em campo, aparecia
em todos os cantos, desprezando o apelido que virou nome. Falando em ser
gigante, Cristiane entrou em campo com uma proteção na coxa, ainda sem
velocidade, sentindo um pouco a lesão sofrida. Superou os próprios limites e
tentou deixar o seu no final do segundo tempo da prorrogação.
Sobrou vontade, faltou o espaço. O time da Suécia assumiu
uma postura defensiva, um ferrolho quase intransponível. Era a estratégia da
treinadora; foi assim que chegaram na segunda fase, mesmo depois da goleada por
5 a 1 contra o Brasil, da mesma forma elas venceram os Estados Unidos. Aliás,
precisamos pedir desculpas a Hope Solo: a falastrona tinha razão. O time da
Suécia assumiu uma postura covarde para sobreviver.Também é hora de tirar o
chapéu para a própria seleção nórdica, que reconheceu sua inferioridade técnica
e apelou para a obediência tática.
Não deve haver aqui o choro de perdedor. Mesmo que às vezes
esse discurso pareça ser vago e carregar com ele as desculpas de quem tenta
defender o indefensável, o futebol feminino superou novamente todos os limites
impostos a elas pela gestão sexista e gananciosa do esporte nacional. Embora as
suecas ainda não possuam equivalência salarial em relação aos jogadores homens,
lá a diferença dos valores recebidos é menor do que nessas terras tupiniquins.
Nossas meninas já são de ouro, essa medalha não prova
nada!

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