terça-feira, 16 de agosto de 2016

Faltou o gol
Mesmo superiores em campo, seleção brasileira não balança as redes da Suécia e dá adeus ao sonho olímpico



Na tarde dessa terça feira (16), a seleção feminina de futebol do Brasil enfrentou a Suécia, no Maracanã, para a segunda partida da fase de mata-mata nos jogos olímpicos. Mas o que tinha de tudo para ser uma repetição da sonora goleada na primeira fase, terminou em tragédia e eliminação da seleção dona da casa.

O Brasil jogou melhor e atacou mais que as adversárias, mas encontrou pela frente uma Suécia diferente daquela da primeira fase, bem mais organizada, assumindo a postura defensiva.  O time brasileiro não conseguiu tirar o zero do placar, perdeu o jogo na decisão por pênaltis e pôs fim ao sonho do ouro inédito no Rio.

As duas linhas defensivas das nórdicas, bem próximas da área, dificultaram a criação de jogadas no setor ofensivo do Brasil, mas mesmo assim o time manteve o domínio do jogo, controlando toda a ofensividade da partida e terminando o tempo regulamentar com 33 finalizações e o 65% de posse de bola, já as suecas chegaram apenas 6 vezes ao gol defendido pela goleira Bárbara.

Visivelmente desgastadas pelo jogo duro contra a Austrália no último sábado, pelas quartas de finais, a seleção ainda sentia a ausência da maior artilheira dos jogos olímpicos: Cristiane. A camisa 11 do Brasil entrou em campo no fim da segunda etapa da prorrogação, mas nem ela conseguiria resolver o problema da falta de gols. Coincidentemente o jejum de gols teve início após a lesão e, consequentemente, o afastamento da atacante.

Esta foi a terceira partida seguida que o time brasileiro não conseguiu balançar as redes, o último gol tinha acontecido exatamente na partida contra a Suécia, ainda na primeira fase. Agora o Brasil aguarda a seleção perdedora no duelo entre Canadá X Alemanha, que acontece no Mineirão, para definir a adversária na disputa do bronze. Já a Suécia, garante a medalha de prata e se prepara para a grande final, que acontece na próxima sexta feira (17), no Maracanã.

Crônica

Me perdoem a ausência de palavras, essa foi uma tarde difícil de explicar. A seleção brasileira tinha o melhor time e novamente dominava a partida, como tinha feito até o momento na competição. Foram 33 finalizações, 10 no gol da goleira Lindahl. Parecia uma vitória inevitável, daqueles jogos que o time só encontra o caminho depois do primeiro gol. O problema é que o primeiro gol não veio!

Formiga foi valente. Jogou, lutou, discutiu e, no fim do jogo, machucou o posterior da coxa. Não tem mais nada para provar, já foi gigante. Em todos os jogos do Brasil, a veterana foi gigante em campo, aparecia em todos os cantos, desprezando o apelido que virou nome. Falando em ser gigante, Cristiane entrou em campo com uma proteção na coxa, ainda sem velocidade, sentindo um pouco a lesão sofrida. Superou os próprios limites e tentou deixar o seu no final do segundo tempo da prorrogação.

Sobrou vontade, faltou o espaço. O time da Suécia assumiu uma postura defensiva, um ferrolho quase intransponível. Era a estratégia da treinadora; foi assim que chegaram na segunda fase, mesmo depois da goleada por 5 a 1 contra o Brasil, da mesma forma elas venceram os Estados Unidos. Aliás, precisamos pedir desculpas a Hope Solo: a falastrona tinha razão. O time da Suécia assumiu uma postura covarde para sobreviver.Também é hora de tirar o chapéu para a própria seleção nórdica, que reconheceu sua inferioridade técnica e apelou para a obediência tática.

Não deve haver aqui o choro de perdedor. Mesmo que às vezes esse discurso pareça ser vago e carregar com ele as desculpas de quem tenta defender o indefensável, o futebol feminino superou novamente todos os limites impostos a elas pela gestão sexista e gananciosa do esporte nacional. Embora as suecas ainda não possuam equivalência salarial em relação aos jogadores homens, lá a diferença dos valores recebidos é menor do que nessas terras tupiniquins.


Nossas meninas já são de ouro, essa medalha não prova nada! 

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