Entre tapas e beijos
Seleção brasileira enfrenta o Iraque nas Olimpíadas e decepciona mais uma vez o torcedor
Em mais uma tentativa
de recuperar o apoio do torcedor brasileiro, a seleção de futebol masculina
enfrentou o Iraque na noite de ontem (7), no estádio Mané Garrincha, em
Brasília. Mas o que devia ser a redenção do time comandado por Neymar, acabou
se tornando um agravante na briga entre torcida e seleção após o empate sem
gols.
Apesar de
dominar a posse de bola durante o jogo (69% contra 31% dos iraquianos), a
seleção errou incontáveis passes, finalizou mal e ainda teve que lidar com as vaias
vindas das arquibancadas. Renato Augusto foi o alvo principal da fúria do torcedor.
O volante não jogou bem e errou vários passes, além de perder uma chance clara
de gol, aos 47 minutos do segundo tempo.
Por falar em gols
perdidos, o time finalizou 20 vezes durante a partida, mas só seis foram em direção
ao gol defendido por Hameed. Já o time iraquiano finalizou apenas seis vezes,
mas deu trabalho ao goleiro Weverton em quatro delas. O número de faltas também
foi alto. O Brasil cometeu 16 e o Iraque 17 infrações, o que fez o árbitro
distribuir oito cartões amarelos durante o jogo, sendo três para a seleção da
casa e cinco para os adversários.
Com o empate
no placar, Brasil e Iraque empatam também em número de pontos, dois para cada. Agora
o Brasil enfrenta uma situação delicada na competição. A equipe de Rogério
Micale precisa vencer a seleção da Dinamarca, líder do grupo com quatro pontos
e ainda torcer para que o Iraque não vença a África do Sul, lanterna do grupo
com um ponto.
Crônica
É impossível
estabelecer uma definição para as partidas da seleção masculina que não seja a
de reconciliação amorosa. A seleção liga, parece que quer voltar, marca o
jantar e o torcedor se anima. Mas na hora marcada eles descobrem a verdade: não
são mais um para o outro. A seleção tem um temperamento difícil e nem as
mudanças em suas escalações conseguem trazer uma estabilidade emocional.
Por outro
lado, o torcedor sofre calado. Segue trabalhando, estudando, enfim, segue
vivendo. Até se arrisca em outros amores, mas os campeonatos de clubes ficam só
como um paliativo e também sofrem bastante por saberem que não são os preferidos.
Os torcedores continuam desejando a seleção brasileira de volta, apesar de
negar.
Essa relação
não é fácil, as brigas sempre foram algo comum. E quando se fala em olimpíadas
por exemplo, o coração do torcedor palpita mais forte; que decepção. Eles até
se acertaram e viveram bons momentos, mas isso foi entre 2002 e 2006, fazem 10
anos, e aliás, foi uma francesa quem destruiu o amor. Desde então o torcedor tentou,
mas só teve seu coração quebrado.
O momento é
ruim e essa seleção é muito cruel. Nem mesmo a substituição de seus mentores
fez a coisa melhorar. O problema não era tão restrito a Dunga como pensávamos,
apesar de esse ser o responsável por boa parte dos motivos deste distanciamento
entre os dois amores. Dessa vez, por exemplo, a seleção apareceu apática, fria,
parecia mais preocupada em se mostrar, em ganhar o torcedor apenas pela própria
existência, sem mais nada a oferecer.
Todos nós
sabemos que um relacionamento saudável é baseado em uma troca mútua e essa
seleção segue se mostrando egoísta. Cada um de seus jogadores apresentaram uma
falta de entrosamento inacreditável. No setor ofensivo parecia que havia um
desfile para escolher o melhor jogador pelo nome, drible, ou finalização mais
bonitos. Houve pouca coletividade. Não existiu qualquer piscadela ou toque de mãos
com o torcedor, que esperava ansiosamente pelo toque da amada.
O torcedor
saiu esgotado de mais esse encontro e é impossível saber o que vai acontecer a
partir de agora. É provável que vá buscar conselhos em outros esportes
olímpicos e depois se jogue nos braços do campeonato brasileiro e da copa do
brasil –o torcedor também é cafajeste- antes de tentar novamente reatar esse
relacionamento abusivo. Já a fria seleção, terá que sentar no divã e contar
tudo que lhe aflige. Parece, inclusive, que já tem horário marcado com o
psicólogo, Dr. Tite. Só nos resta esperar o que vai sair dessa novela pois um
precisa do outro como o futebol precisa de paixão e isso a seleção perdeu,
enquanto o torcedor ainda transborda.


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