segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Entre tapas e beijos
Seleção brasileira enfrenta o Iraque nas Olimpíadas e decepciona mais uma vez o torcedor


Em mais uma tentativa de recuperar o apoio do torcedor brasileiro, a seleção de futebol masculina enfrentou o Iraque na noite de ontem (7), no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Mas o que devia ser a redenção do time comandado por Neymar, acabou se tornando um agravante na briga entre torcida e seleção após o empate sem gols.

Apesar de dominar a posse de bola durante o jogo (69% contra 31% dos iraquianos), a seleção errou incontáveis passes, finalizou mal e ainda teve que lidar com as vaias vindas das arquibancadas. Renato Augusto foi o alvo principal da fúria do torcedor. O volante não jogou bem e errou vários passes, além de perder uma chance clara de gol, aos 47 minutos do segundo tempo.

Por falar em gols perdidos, o time finalizou 20 vezes durante a partida, mas só seis foram em direção ao gol defendido por Hameed. Já o time iraquiano finalizou apenas seis vezes, mas deu trabalho ao goleiro Weverton em quatro delas. O número de faltas também foi alto. O Brasil cometeu 16 e o Iraque 17 infrações, o que fez o árbitro distribuir oito cartões amarelos durante o jogo, sendo três para a seleção da casa e cinco para os adversários.

Com o empate no placar, Brasil e Iraque empatam também em número de pontos, dois para cada. Agora o Brasil enfrenta uma situação delicada na competição. A equipe de Rogério Micale precisa vencer a seleção da Dinamarca, líder do grupo com quatro pontos e ainda torcer para que o Iraque não vença a África do Sul, lanterna do grupo com um ponto.

Crônica
É impossível estabelecer uma definição para as partidas da seleção masculina que não seja a de reconciliação amorosa. A seleção liga, parece que quer voltar, marca o jantar e o torcedor se anima. Mas na hora marcada eles descobrem a verdade: não são mais um para o outro. A seleção tem um temperamento difícil e nem as mudanças em suas escalações conseguem trazer uma estabilidade emocional.

Por outro lado, o torcedor sofre calado. Segue trabalhando, estudando, enfim, segue vivendo. Até se arrisca em outros amores, mas os campeonatos de clubes ficam só como um paliativo e também sofrem bastante por saberem que não são os preferidos. Os torcedores continuam desejando a seleção brasileira de volta, apesar de negar.

Essa relação não é fácil, as brigas sempre foram algo comum. E quando se fala em olimpíadas por exemplo, o coração do torcedor palpita mais forte; que decepção. Eles até se acertaram e viveram bons momentos, mas isso foi entre 2002 e 2006, fazem 10 anos, e aliás, foi uma francesa quem destruiu o amor. Desde então o torcedor tentou, mas só teve seu coração quebrado.

O momento é ruim e essa seleção é muito cruel. Nem mesmo a substituição de seus mentores fez a coisa melhorar. O problema não era tão restrito a Dunga como pensávamos, apesar de esse ser o responsável por boa parte dos motivos deste distanciamento entre os dois amores. Dessa vez, por exemplo, a seleção apareceu apática, fria, parecia mais preocupada em se mostrar, em ganhar o torcedor apenas pela própria existência, sem mais nada a oferecer.

Todos nós sabemos que um relacionamento saudável é baseado em uma troca mútua e essa seleção segue se mostrando egoísta. Cada um de seus jogadores apresentaram uma falta de entrosamento inacreditável. No setor ofensivo parecia que havia um desfile para escolher o melhor jogador pelo nome, drible, ou finalização mais bonitos. Houve pouca coletividade. Não existiu qualquer piscadela ou toque de mãos com o torcedor, que esperava ansiosamente pelo toque da amada.


O torcedor saiu esgotado de mais esse encontro e é impossível saber o que vai acontecer a partir de agora. É provável que vá buscar conselhos em outros esportes olímpicos e depois se jogue nos braços do campeonato brasileiro e da copa do brasil –o torcedor também é cafajeste- antes de tentar novamente reatar esse relacionamento abusivo. Já a fria seleção, terá que sentar no divã e contar tudo que lhe aflige. Parece, inclusive, que já tem horário marcado com o psicólogo, Dr. Tite. Só nos resta esperar o que vai sair dessa novela pois um precisa do outro como o futebol precisa de paixão e isso a seleção perdeu, enquanto o torcedor ainda transborda. 

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